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  • Equipe Arqio

Mulheres na Arquitetura



No Brasil temos hoje, de acordo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo [CAU], 216.384 arquitetos registrados, sendo que aproximadamente 65% são mulheres. Esse é um número que foi crescendo ao longo dos anos, mas ainda vemos poucas mulheres sendo reconhecidas pelo seu trabalho dentro da área. Em uma pesquisa rápida no Google, sobre Arquitetos Premiados brasileiros, de 17 nomes que apareceram, apenas 3 são mulheres, sendo elas a Rosa Kliass, a Ermínia Maricato e a Lina Bo Bardi. Quando mudei a pesquisa para Arquitetas premiadas, não aparece uma listagem. No Pritzker não é diferente, 50 pessoas já foram premiadas, sendo apenas 6 delas mulheres, e de 40 prêmios individuais, apenas 1 foi para uma mulher, a Zaha Hadid.


O CAU também fez um diagnóstico de gênero publicado em 2020, que mostra alguns dados interessantes quanto à representatividade e atividade das mulheres no campo da arquitetura. Na pesquisa, fizeram um recorte racial, salarial, de gênero e maternidade, entre outros. E aqui vou destacar alguns pontos importantes:


  • Olhando para o cenário do mercado de arquitetura brasileiro, a proporção de homens e mulheres por faixa etária não acompanha a proporção de profissionais ativos por gênero, ou seja, tem mais homens trabalhando nessa área, a partir dos 40 anos, mesmo havendo mais profissionais mulheres.

Fonte: 1° Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo

  • Fazendo um cruzamento do dado acima, que reflete também o cenário mundial, com a idade de ganhadores do Pritzker, vemos que a esmagadora maioria dos ganhadores tinham entre 50 e 60 anos à época que ganharam. Muitos nos dias de hoje estão na faixa dos 70 a 90 anos, que, olhando o gráfico do número de profissionais, vemos que tem zero mulheres a partir de 70 anos.

  • Ao mesmo tempo, temos os dados sobre maternidade, sobre a dificuldade de conciliar com a vida profissional e divisão de responsabilidades desigual, impactando a vida profissional dessas mulheres, que muitas vezes acabam saindo do mercado de trabalho.

Fonte: 1° Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo


  • Trouxemos também o comparativo salarial entre homens e mulheres, em especial a comparação entre mulheres negras e homens brancos é brutal, com rendimento médio [cumprindo as mesmas funções] de aproximadamente o dobro entre os dois. Além da média salarial, 13 vezes mais homens brancos ganham acima de 13 salários mínimos do que mulheres negras.

Fonte: 1° Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo


  • Por fim, um comparativo demonstrando as principais conclusões da pesquisa, incluindo assédio moral, sexual, diferenças salariais, etc.

Fonte: 1° Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo



A pesquisa realizada apenas comprova o que observamos ao longo dos anos, dentro do mercado de trabalho da construção civil. E reflete bem também a baixa representatividade em premiações e reconhecimentos, tem menos mulheres no mercado, ganhando menos, sofrendo mais assédio moral e sexual e não sendo reconhecidas.


O CAU fez esse diagnóstico com o intuito de entender o cenário atual e, em seguida, promover a equidade de gênero entre arquitetos. Mas isso não é consenso entre todos, em especial entre os homens, os quais quase 40% entendem que não é necessária essa iniciativa do órgão. E, apesar de ser uma preocupação relevante do CAU, a equidade de gênero tem que ser transversal em todos os setores da sociedade.


A maternidade é um acontecimento, dentro da nossa sociedade, que altera completamente a vida da mulher. O tempo de cuidado é uma sobrecarga desigual, que muitas vezes muda o desempenho profissional. Mesmo que a diversidade traga muitos benefícios para a empresa, essa mudança de desempenho e prioridade não interessa ao mercado. A sociedade não está nem aberta nem organizada para acolher as necessidades das crianças e por consequência das mães, que acabam arcando com a maior parte das responsabilidades de cuidado, educação, etc. e ainda são penalizadas profissionalmente por isso. Enquanto não houver divisão de tarefas e de cuidado, inclusive com licença paternidade de mesma duração à da mulher, a representatividade feminina na arquitetura continuará muito menor do que a masculina, e será marcada pela vitória de algumas poucas que tiveram uma vasta rede de apoio ou que conseguiram furar a bolha do machismo e do patriarcado.



Fontes:


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