top of page
Buscar
  • Equipe Arqio

Edificações Certificadas são Sustentáveis?



No Brasil temos duas certificações que prevalecem em empreendimentos residenciais e corporativos: o LEED® e o AQUA. De acordo com o site do GBC Brasil, até agosto de 2022 já foram certificados 816 projetos no Brasil além de mais de 1000 registros para certificação. No site da Fundação Vanzolini constam 356 projetos certificados AQUA-HQE e mais de 700 em fase de certificação. Ambas as certificações tem um processo que passa pela etapa de projeto e aspectos a serem atendidos nessa fase, e pela etapa de obra, que quando concluída terá que ter reunido uma série de documentos comprovando os aspectos ambientais da obra, como gestão de resíduos, controle de poluentes, etc.


Com custo de implementação elevado, são certificações geralmente utilizadas em empreendimentos de alto padrão, chamados de Triple A. Os requisitos dessas certificações tem muitas semelhanças, e demandam principalmente os seguintes tópicos:

  • Localização do projeto: fomento de uso de transporte público, de bicicletas, com disponibilidade de infraestrutura no entorno;

  • Terreno: paisagismo, poluição do entorno e remediação do solo;

  • Uso racional de água: com estratégias de redução de consumo e de utilização de outras fontes, como água de chuva ou de reuso;

  • Uso eficiente de energia: aqui um ponto importante, que é a dificuldade de implementação de estratégias passivas em projetos corporativos (que detém a maior parte dos certificados). Em geral, muito focado em sistemas eficientes, mas sem uso de ventilação natural ou conceitos de arquitetura bioclimática.

  • Qualidade Interna do Ambiente: esse item envolve qualidade interna do ar, conforto ambiental, vistas, entre outros.

  • Gestão de Resíduos e Materiais Sustentáveis.

Tem outros pontos que são em função de inovação e da região do projeto.


A sustentabilidade é um dos aspectos que um projeto de arquitetura deve englobar, mas ainda é difícil vê-la incorporada desde o início, no desenvolvimento do conceito. A estética, o papel artístico, cultural, e de promoção de um ambiente urbano mais harmônico que um edifício pode proporcionar, são características que sempre foram priorizadas desde a faculdade até hoje. E realmente o papel da arquitetura pode ir muito além de um mero abrigo, ou qualquer função específica que ela venha a ter. Edifícios como o Guggenheim de Bilbao, a Casa da Cascata, ou o MASP, para citar alguns, estão aí para comprovar quais os efeitos que uma edificação pode ter dentro de uma cidade ou do comportamento humano.


Tendo isso em vista, as certificações possibilitam a liberdade estética dos edifícios, considerando os aspectos culturais mencionados acima. E isso tem fundamento quando refletimos no potencial arquitetônico de um edifício. Mas também leva a problemas de concepção e conformismo estético. Em São Paulo temos uma horda de edifícios corporativos com peles de vidro e embasamentos imponentes, com os níveis mais altos de certificação.



E quando Jan Gehl, urbanista dinamarquês renomado, veio em 2016 a São Paulo, andou pela Av. Brigadeiro Faria Lima e disse “Sinto pena de quem trabalha aqui”, se referindo a um passeio opressivo para pessoas, com pouco comércio de rua e uma quantidade enorme de carros. Essa avenida abriga uma grande quantidade de edifícios certificados de São Paulo, que não estão oferecendo um espaço urbano pensado para a escala do pedestre e não estão explorando o potencial de São Paulo para edifícios bioclimáticos, tendo em vista seu clima ameno boa parte do ano. Isso pois são feitos com sistemas de fachada e de climatização que muitas vezes impossibilitam a abertura de janelas e controle do usuário.

Ao lado disso, para o processo de construção e uso do edifício, as certificações exigem estratégias para gestão de resíduos, materiais que impactem menos o meio ambiente e, principalmente, ambientes de alta qualidade para os usuários, com ventilação e iluminação controladas e que promovam conforto ambiental, redução de poluentes, entre outros. Elas tem também um controle rigoroso de documentação e são comprometidas com avaliações sérias, idôneas.


Enfim, é verdade que as certificações subiram muitas réguas do setor da construção, introduziram uma série de assuntos muito pertinentes e sempre propõem inovações, em especial para a cadeia produtiva de fornecedores. Ainda assim, nós entendemos que são muito elitizadas e que nem sempre acarretam em soluções melhores para a eficiência energética, um dos maiores impactos da construção em termos de emissão de CO2.


Fontes:


7 visualizações0 comentário

Commentaires


bottom of page